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Emoticon: Das palavras aos caracteres e agora aos stickers

Se você já usou um computador alguma vez na sua vida, há grandes chances de você saber o que é um “emoticon” – caso não saiba, isso aqui ” : -) ” é familiar? Então, isto é um emoticon. A abreviação de “emoção” (emotion, em inglês) + “ícone” (icon, em inglês) formou a palavra “emoticon“, que nada mais é que usar caracteres para expressar emoções.
Existe uma lista enorme de todas as expressões que você pode construir usando caracteres, indo desde o simples sorriso : ) até coisas complexas como esse ¯\_(ツ)_/¯, que é meio auto explicativo. Você pode conferir uma lista bem completa de diversos emoticons que existem nesta lista do Wikipedia.

De onde surgiram os emoticons?

Existem diversas histórias que podem ser atribuídas a criação dos emoticons, dificilmente apenas uma pessoas pode ser atribuída como “inventor” da ideia. O registro mais antigo (e aceito) como a possível primeira aparição do uso dos caracteres para expressar emoções desta forma é atribuído a revista de humor Puck, de 1881! (E você pensando que isso nem existia antes da internet).

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Direto de 1881, talvez o primeiro uso documentado dos emoticons


Mas o fato de existir em um publicação, deixa claro que o uso desse tipo de linguagem pode já ter sido usada em outros lugares anteriormente. Um guia para operadores de telégrafos chamado National Telegraphic Review and Operators Guide de Abril de 1857 já havia documentado o uso do número 73 em código morse para representar “beijos e abraços” (e hoje representa “cumprimentos”). Ou seja, o uso de pontuação, letras e números para expressar emoções, talvez seja ainda mais antiga do que podemos imaginar.

Este tipo de associação entre caracteres e expressões faciais está ligada diretamente a pareidolia, que é a “habilidade” humana de enxergar coisas em outras coisas, ou seja, enxergar rostos ou formas físicas em objetos. Sabe quando você jura que vê uma nuvem em formato de avião? Pareidolia. Sabe quando aquela parede com alguns furos parece estar triste? Pareidolia. Neste link você encontra uma lista enorme de “coisas com rosto”.

Esse chapéu parece feliz, não? Pareidolia!
Esse chapéu parece feliz, não? Pareidolia!

Smileys ou Emojis?

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Com a evolução tecnológica, os caracteres evoluíram e agora é muito comum ver serviços que traduzem o “:)” como um “smiley“, que é a versão desenhada da expressão utilizada. Apesar de ser um fenômeno um pouco mais recente, o “smiley” original é atribuído ao designer Harvey Ball, que em 1963 criou a clássica bolinha amarela com olhos e um sorriso, chamado de “smiley face” (rosto sorridente) para uma campanha de uma companhia de seguros.

Com o tempo, o termo “smileys” acabou ganhando o significado de emoticons desenhados, geralmente baseados no “smiley” original (rosto em uma bolinha amarela), mas tendo variações também.

Com a popularização dos meios de comunicação eletrônicos, foram criados no Japão os “Emojis“. Criados por volta de 1998-99, por Shigetaka Kurita, como uma coleção de 172 ícones de 12×12 pixels com o objetivo de trazer um diferencial do serviço de troca de mensagens da empresa onde trabalhava, a Docomo.

Existem diversos outros pacotes de emoticons conhecidos, mas o “Emoji” é com certeza o mais famoso e provavelmente o mais utilizado. Nesta matéria do The Verge sobre a história do Emoji, eles explicam que a criação destes emoticons está relacionado a necessidade de se comunicar de forma fácil e rápida através de meios eletrônicos, uma vez que os Pagers e Emails estavam em alta no Japão e lá a expressão facial pode mudar facilmente o sentido de uma frase.

Caso você queira saber o significado de cada um dos Emojis, recomendamos o post sobre a Emojipedia – site que descreve todos Emojis e mostra as variações dentro das diferente plataformas existentes.

Stickers animados, a evolução dos smileys :)!

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Quando criaram os emoticons tradicionais, o objetivo era trazer uma expressão facial em poucas palavras, uma forma diferente de pontuar uma frase. Quando o Emoji foi criado, o objetivo era ampliar as possibilidade de uso das expressões faciais dentro dos meios eletrônicos, mas a sua principal limitação era a tecnologia. Não era fácil um pager conseguir visualizar imagens, portanto, os Emojis de 12×12 pixels foram importantes para a popularização deste meio de comunicação.

Hoje as limitações tecnológicas são muito menores que do final dos anos 90 e novas formas de comunicação usando expressões humanas estão sendo usadas de diferentes formas. Um fenômeno recente, mas cada vez mais poderoso são os “stickers” (adesivos), usados principalmente em serviços de troca de mensagens para expressar emoções.

Você deve conhecer esses stickers por conta do chat do Facebook, que já tem essa funcionalidade desde o começo de 2013. Um dos mais famosos são aquelas imagens do gato, que aparecem na imagem abaixo. Além dele, há diversos “adesivos” que podem ser baixados gratuitamente na loja de adesivos do Facebook, facebook.com/stickers.

Caso você esteja lendo esse texto por volta de 2020, deve estar vivenciando a febre das “figurinhas” do WhatsApp, que basicamente são stickers, mas que aumentaram absurdamente a sua popularidade devido a possibilidade de criar “figurinhas” personalizadas usando aplicativos como o Sticker.ly e também pelo fato.

Além de zueira com seus amigos e a possibilidade de baixar infinitas figurinhas nas lojas de aplicativos, muitas empresas aproveitam a popularidade do formato para criar ações usando esse formato de comunicação, como é o caso do Porta dos Fundos, um dos maiores canais do YouTube no Brasil.

Um dos serviços concorrentes do WhatsApp, Telegram e Facebook Messenger, é o “Line”, que chegou no Brasil com uma enorme campanha publicitária em cima dos seus vários stickers por volta de 2013.

A ciência por trás dos emoticons

Para quem escreve, um emoticon é apenas “dois pontos + fecha parênteses”, ou apenas :), mas a criação de um emoticon melhor pode envolver muito estudo sobre as emoções humanas.

Segundo o Popular Science, o Facebook em conjunto com um ilustrador da Pixar e um professor de psicologia da UC Berkley está estudando como os emoticons podem ser melhorados. Como expressar as mais profundas emoções do ser humano através de alguns pixels na tela do computador ou smartphone?

Rascunhos de Matt Jones para o Facebook
Rascunhos de Matt Jones para o Facebook


O trabalho, chamado de Finch, é baseado no trabalho de Charles Darwin, que em 1872 escreveu o livro “The Expression of the Emotions in Man and Animals” (A expressão de emoções no homem e nos animais, em tradução literal), onde descreveu as emoções humanas e as comparou com as dos animais. O trabalho de Darwin, é uma das principais bibliografias sobre as emoções humanas, até hoje.

Para quem gosta de ciência e números, o blog Data Genetics fez uma análise de todos os tweets que continham expressões de emoticons. O resultado é que 1/3 das mensagens continham o tradicional “smiley face” 🙂
Outra constatação da pesquisa é que a maioria dos emoticons são utilizados para expressar felicidade, de alguma forma.

O sentimento por trás de cada Emoji

Os pesquisadores P. Kralj Novak, J. Smailović, B. Sluban e I. Mozetič criaram o “Emoji Sentiment Ranking“, um projeto que através da análise de milhares mensagens enviadas no Twitter classificam se aqueles emojis estão sendo usados em mensagens positivas, neutras ou negativas.
Apesar de alguns emojis serem óbvios, como os sorrisos para mensagens positivas, há diversos deles que são ambíguos no seu sentido, além de terem diferentes desenhos em cada uma das plataformas. Você pode usar ferramentas como o Emojipedia, que já falamos aqui, e perceber que em cada plataforma há variações nos desenhos que podem alterar o seu sentido, como discute esse artigo da Wired.

Emoticons e imagens serão o futuro da comunicação digital?

O surgimento de emoticons cada vez mais complexos, stickers e o uso excessivo de GIFs animados para transmitir uma mensagem abre novas perguntas sobre o futuro da comunicação entre os seres humanos. É claro que nunca vamos deixar de usar as palavras (ou abreviações delas, como o “vc”), mas será que estamos usando cada vez mais as imagens para transmitir uma mensagem?

Muitos blogs estão aceitando os GIFs animados e memes como uma resposta válida, afinal, talvez uma GIF animado consiga demonstrar melhor a sua reação do que centenas de palavras.

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E se as pessoas pararem de escrever para usar apenas GIFs?

Talvez por ser mais rápido ou por explicar melhor o sentimento que queremos passar, essas novas formas de comunicação devem ser estudadas. Para quem quer treinar o inglês, esse mini-documentário da PBS fala um pouco sobre os emoticons como o futuro da comunicação:


E para complementar, o documentário “Emoji Among Us“.

Emojis como língua franca

Recentemente me deparei com uma analogia muito interessante em relação ao uso de emojis, alegando que eles acabam se tornado uma língua global por ser um fácil acesso a troca de mensagens entre duas pessoas.

Com isso, podemos considerar hoje os emojis como a língua franca, um “idioma comum” a pessoas que não compartilham do mesmo idioma nativo. Ao longo da história, dezenas de “línguas francas” foram criadas para habilitar o comércio entre povos que geralmente tinham diferentes idiomas.

Essa é uma afirmação completamente lógica, porque diferente de palavras que mudam facilmente de um idioma para o outro, boa parte dos emojis são universais.

Supomos que você está em outro país, não se sente bem e quer falar “Estou doente”.

  • I am sick“, em inglês
  • “Ich bin Krank”, em alemão
  • 私は病気です, em japonês
  • 🤢, em emoji

Simples e universal.

Por Dennis Altermann

Criei este blog para compartilhar alguns conteúdos relevantes sobre comunicação digital e o impacto dos meios digitais na sociedade. Aproveita para interagir comigo lá no Twitter @eu_Dennis