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Todo o lixo que você posta no Facebook vai parar no monitor de um trabalhador de terceiro mundo.

Antes de começar o texto gostaria de avisar que o título é de tom irônico, eu pessoalmente nem aceito muito bem o conceito de ‘terceiro mundo’ e já aviso que esse texto é potencialmente polêmico.
Com um pequeno delay em relação ao assunto, resolvi tirar um tempo para ler um post um pouco maior que o comum nesta semana. O texto que falava basicamente do “lado negro” do Facebook, que tem um costume muito comum de censurar diversas imagens e publicações que podem ser consideradas “inocentes” por alguns ou mesmo “muitos avassaladoras” para outras. Já vimos algumas fotos sendo censuradas, como esta, esta e mais recentemente a da ‘bicicletada‘. Aí vamos abrir espaço para discutir, será que estas censuras eram necessárias? Quem será que eles estão realmente tentando proteger?
Este post é motivado por uma publicação do Gizmodo, o post que me referi no parágrafo anterior, que é a tradução de um texto do Gawker. O conteúdo desta publicação era uma entrevista com um marroquino de 21 anos que teria trabalhado na oDesk, empresa de “gerenciamento de conteúdo” (ou seria censura de conteúdo?), com clientes muito grandes, como o nosso conhecido Facebook. É uma leitura demorada, mas que vale cada parágrafo lido, recomendo.
Através desta entrevista foi possível ter acesso a informações que talvez nem imaginássemos, como por exemplo, que trabalhadores do ‘terceiro mundo’ são contratados a 1 dólar americano por hora para sentar uma cadeira e fazer o trabalho sujo do Facebook, filtrando e reportando todo o tipo de conteúdo que possa ser ofensivo de alguma forma. Alguns podem ser removidos por eles mesmo, enquanto outro são enviados a funcionários do Facebook nos EUA.
Um destes ‘moderadores’ da empresa faz uma analogia entre o seu trabalho e o mundo real. “Imagine como se houvesse uma espécie de esgoto, e toda a bagunça/sujeira/lixo/merda do mundo flui na sua direção e você tem que limpar“. Ao final do texto você vê que o problema é ainda mais complicado, quando um dos entrevistados que já trabalhou na empresa comenta que escolheu largar este trabalho porque temia por sua sanidade mental. Não é para menos, você recebe uma miséria para ficar o dia inteiro vendo foto de pessoas mortas, animais sendo torturados e diversas outras ‘bizarrices cruéis’ deste nosso mundo não é tarefa fácil para uma pessoa normal.

Mas outra questão acabou me chamando muita atenção neste texto também, na verdade estava nos comentários. Resolvi ler alguns deles e um me chamou a atenção trazendo a seguinte discussão: “Você quer um internet livre ou uma internet socialmente aceita?” – Ou seja, todos os grandes serviços de conteúdo que conhecemos hoje, como Facebook, Youtube e possivelmente até mesmo o Twitter, tem suas diferentes formas de controlar o que é publicado, para evitar problemas com governos de alguns países. Mas a questão que fica é: Você quer interagir com o mundo inteiro (e todas as suas faces) ou viver em uma “bolha perfeita”? Eu sinceramente não sei se tenho uma resposta para isso.
Talvez esse seja um dos maiores dilemas da internet. Como conseguir ter algo a nível mundial, quando as nossas culturas são controladas de forma regional. Se formos analisar as regras do Facebook, muitas (que podem ser consideradas censuras), são criadas para proteger os menores de idade que, em teoria, não podem  ser expostos a certos conteúdos. O Facebook faz de tudo para ter o máximo de pessoas usando a rede social e ter que colocar a sua idade mínima para 18 anos poderia eliminar milhões de usuários.
Se você quiser uma internet muito livre, poderemos acabar com uma página inicial das redes sociais lotadas de pornografia e pirataria, ou será que não?
A questão que poderia levantar aqui, sobre até onde vai a liberdade e onde começa a censura, é uma questão muito mais complicada e que vai muito além das redes sociais. Um exemplo político dentro das regras é a impossibilidade de negar o holocausto (sim, você pode ser banido/desativado do Facebook por isto). Não vou entrar no mérito desta questão aqui, mas vamos refletir um pouco sobre o assunto. Se em um país do mundo não se pode discutir um assunto, quer dizer que todo o resto do mundo deve ficar privado a isto? Isto é censura ou proteção demais?
Algum tempo atrás o Brasil virou notícia no mundo por ser um dos primeiros países a se mostrar inclinado a usar o ‘serviço de censura’ do Twitter para tirar do ar todos perfis que ‘deduravam’ as blitz contra a bebida alcoólica. O post sobre o assunto já gerou muita discussão em torno da questão “onde termina a liberdade e onde começa a censura?“, veja você mesmo ::aqui(“https://www.midiatismo.com.br/o-marketing-digital/midias-sociais/tem-inicio-a-censura-ao-twitter-no-brasil”,”aqui”)::.
Bom, acho que consegui abrir várias perguntas neste texto. Espero que todos tenham lido até o final e usem esta leitura para refletir um pouco sobre as questões relacionadas a liberdade e censura dentro da internet. Sinta-se livre para usar o espaço de comentários para deixar a sua opinião e também levantar outras questões sobre o assunto, por favor.

Por Dennis Altermann

Criei este blog para compartilhar alguns conteúdos relevantes sobre comunicação digital e o impacto dos meios digitais na sociedade. Aproveita para interagir comigo lá no Twitter @eu_Dennis