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AppEconomy – Quando os aplicativos se transformam em negócios

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Crédito: Shutterstock

Estamos vivendo uma mudança de paradigmas em relação aos computadores. Antes chamávamos de “programas de computadores“, hoje apelidamos estes de “aplicativos” – ou o simples “apps”, para os mais íntimos. Essa mudança de nome não é tão simples quanto parece e tem uma forte carga trazida pela popularidade dos smartphones e, posteriormente, dos tablets.
As startups, um conceito recente de pequenas empresas, estão surgindo de todos os cantos, até aqui no Brasil, onde tudo sempre é mais difícil graças ao famoso Custo Brasil e Lucro Brasil. Entre a lista das maiores ex-startups que temos hoje podemos incluir o Yahoo, Google e Facebook, mas temos dezenas de outros bons exemplos – e a semelhança entre eles geralmente está na ligação com a internet. Não podemos esquecer que Microsoft e Apple já foram startups, de uma certa forma.
Hoje, as semelhanças entre as novas startups do momento são outras. Em geral todas elas começam como um aplicativo para smartphone e muitas delas “sangram” dinheiro até encontrarem alguém que as compre por milhões ou bilhões de dólares.
Mas em meio a essa conturbada realidade de serviços sem lucro, surge uma categoria ainda mais nova, a dos serviços (geralmente baseados em aplicativos) que conseguem sobreviver economicamente falando. Investidores estão receosos para dar seu dinheiro a uma empresa que não tem modelo economicamente viável e acabam se sentindo mais seguros em investir naquelas que estão mostrando que têm futuro. Esta é o contexto da “AppEconomy“, a economia baseada em aplicativos.
Na lista de participantes ativos da “AppEconomy” podemos citar diversos serviços e aplicativos que você provavelmente usa em seu dia a dia, como Evernote, Dropbox, Rovio (aquela, do AngryBirds), Team GO (desenvolvedores chineses de diversos aplicativos para Android), SwiftKey (teclado para Android), Tweetbot (app de Twitter para iOS) e até o Foursquare. Apesar de algumas diferenças, todos esses serviços surgiram sozinhos e se sustentam sozinhos apenas vendendo aplicativos ou serviços.
Há empresas com dezenas de funcionários que estão surgindo “do nada” e conquistando mercados, deixando concorrentes de grandes corporações para trás. Concorrentes do Dropbox? Google e Microsoft (e vários outros). Concorrentes do Evernote? Apple, Google, Microsoft (e vários outros). Não é um mercado fácil, mas quando se tem uma ideia boa, é muito promissor.

Máquinas de gerar dinheiro e empregos

Com o crescimento deste mercado, dezenas de vagas de emprego relacionadas à atividade surgem todos os dias. Uma recente pesquisa (set/13) da Vision Mobile mostrou que apenas dentro da União Europeia há 794.000 empregos relacionados aos aplicativos.
Nos EUA, os números de empregos relacionados a aplicativos é semelhante aos da Europa. Segundo Michael Mandel, existem hoje nos EUA 752.000 empregos relacionados à economia baseada em aplicativos, um aumento de 40% em cima da mesma pesquisa feita no ano anterior. A maioria absoluta destes empregos está relacionada à área de desenvolvimento do aplicativo, mas este mercado envolve muitas pessoas para trabalhar com desenvolvimento visual, design de interfaces, atendimento ao cliente, suporte técnico, trabalho com marketing e comunicação e diversas áreas diferentes, assim como qualquer outra grande empresa.
Enquanto isso, no Brasil, ainda não há qualquer estudo relacionado à economia de aplicativos e empregos gerados por este setor. De qualquer forma, não acredito que teríamos grandes números devido a falta de incentivo às startups por parte do governo, dificultando bastante
No mundo, segundo a Gartner, devem ser baixados este ano 102 bilhões de aplicativos, um aumento de quase 60% em relação a 2012. De todos aplicativos baixados em 2013, 91% são gratuitos, número que deve aumentar com o passar dos anos – e se tornar mais um desafio para a economia baseada em aplicativos, uma vez que há uma crescente demanda pelos in-app purchase (compras dentro do aplicativo) ou mesmo o uso de assinatura premium, como é o caso do Evernote e Dropbox.

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Crédito: MentorMate

Mas mesmo com o aumento da participação dos aplicativos gratuitos no total de downloads, o número de aplicativos pagos continuará subindo. O número de downloads de aplicativos deve continuar aumentando até 2017, quando o número de downloads deve passar os 260 bilhões.
Além do número de downloads, a mesma pesquisa da Gartner mostrou que o faturamento deste mercado continua crescendo. Em 2012 foram gastos US$ 18 bilhões, número que deve aumentar para US$ 26 bilhões com o fechamento do ano de 2013. Uma pesquisa da AppNation tem previsões ainda mais otimistas, já que prevê o faturamento de 151 bilhões de dólares neste mercado em 2017 – e acredita que 2013 irá fechar com faturamento de US$ 60 bilhões. Ao que tudo indica, a diferença nos valores das pesquisas se dá pelo fato de a pesquisa da AppNation contar as vendas de itens e contratação de serviços, enquanto a outra conta apenas a venda de aplicativos.

O fim da era de ouro para os pequenos desenvolvedores

Apesar de ser um mercado em expansão, com milhares de novos consumidores todos os dias, a economia baseada em aplicativo parece estar passando por sérios problemas. Os principais aplicativos das lojas geralmente são criados por grandes empresas.
Antigamente era comum ver pequenos desenvolvedores criando aplicativos em seu tempo livre, e logo que começavam a vender bem, largavam tudo para se dedicar àquele aplicativo de sucesso. Geralmente vendendo aplicativos a US$0,99 (cerca de R$2), empresas surgiram em um mercado onde existiam apenas aplicativos oficiais ou aqueles gratuitos de pouca qualidade.
Mas está ficando mais difícil para se destacar, uma vez que existem mais aplicativos e grandes empresas se juntando a esse bolo. Segundo uma pesquisa da Distimo, apenas uma pequena parcela dos 250 principais aplicativos de cada loja (Google Play Store e Apple App Store) vem de desenvolvedores novos, 2% no iOS e 3% no Android. Como “desenvolvedores novos” se entende que são empresas/pessoas que estão lançando o seu primeiro aplicativo. Esta afirmação fica ainda pior quando analisamos a receita, já que apenas 0,25% no iOS (e 1,2% no Android) dela vai para esses desenvolvedores novos.
Hoje, ao ficar claro que os aplicativos seriam peça importante de uma nova economia, diversas empresas de tecnologia resolveram investir o seu tempo e dinheiro para criar aplicativos cada vez melhores e, usando sua força de marketing, ofuscar empresas menores.
Sem contar que se destacar dentro das lojas está insanamente mais difícil. A pesquisa de Distimo mostrou que o aplicativo precisa de 4.000 downloads em um dia para ficar entre os 10 principais, enquanto para ficar na lista dos gratuitos precisa de 72.000.

Os próximos passos deste mercado

Como já comentamos anteriormente, este mercado deve continuar crescendo consideravelmente todos os anos, dando uma projeção muito promissora para as empresas que vivem deste tipo de vendas. Já sabemos que o número de downloads gratuitos irá aumentar, tornando-se responsável por uma fatia maior deste mercado, mas mesmo assim, mais aplicativos pagos serão comprados. Então, apesar de os aplicativos pagos não crescerem tão rápido quanto os aplicativos gratuitos, eles irão crescer em número de vendas.
A era de ouro dos aplicativos pode não ter acabado totalmente, pois a venda de aplicativos pode ser substituída pelo IAP (In-App Purchase, compra dentro de aplicativos), venda de serviços (pagamento mensal por recursos extras) e também pelo valor de marca (onde a marca vale mais que o aplicativo). Podemos citar alguns exemplos destas categorias de venda:

  • IAP (In-App Purhcase) – Candy Crush, Plants Vs Zombie, Paper, que são apps que ganham dinheiro oferecendo novos recursos pagos dentro do aplicativo;
  • Serviços Premium – Evernote, Dropbox, WhatsApp, que são apps gratuitos, mas que oferecem melhorias mediante assinatura mensal do serviço;
  • Criação de Marca – Angry Birds, que rendeu filmes, desenhos, almofadas e milhares de produtos que dão dinheiro e royalties para a empresa;
  • Venda de App – Swiftkey, Tweetbot, Temple Run, Endomodo, que são aplicativos pagos que sustentam as empresas que os criaram;

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O desafio de se manter economicamente viável

Um dos principais desafios que as empresas deste mercado enfrentam (além de conseguir vender o seu aplicativo, obviamente) é conseguir se manter economicamente viável. Este problema é mais comum nas empresas que vendem apps (e não serviços ou bens virtuais), porque se ele não conseguir se manter em evidência, terá queda nas vendas e não conseguirá se manter.
Este problema ocorre principalmente porque os aplicativos que você compra, serão utilizado para o resto de sua vida. Lembra do primeiro aplicativo que você comprou para o smartphone? Você possivelmente usa ele até hoje e nunca mais pagou nada por isso. Apesar de não parecer um problema sério, a longo prazo pode ser uma dificuldade.
Imagine que todos os usuários de smartphone do mundo comprem o seu app por R$0,50. De onde você irá tirar novos consumidores?
É por essa e algumas outras razões que muitos apps estão adotando os modelos de IAP, que podem continuamente trazer novos itens para vender. Outra possibilidade é as empresas aproveitarem o seu sucesso para criar novos aplicativos, principalmente quando se trata de jogos. Nada é popular para sempre, por isso os desenvolvedores precisam sempre estar tentando criar novos produtos.

TVs, Geladeiras, Carros e Google Glass. Apps estão por toda parte.

Os aplicativos estão em todos os lugares, mesmo os sistemas operacionais de computadores estão usando essa lógica. Apple, Microsoft e Ubuntu, todos tem a sua loja de aplicativos (app store). Mas esta história vai ainda mais longe, pois os aplicativos estão chegando à televisão com as Smart TV e set-top box, como Apple TV, Boxee, Xbox e PlayStation.
Há projetos que vão ainda além, trazendo aplicativos para geladeiras, fogões e tantas outras ferramentas do nosso dia a dia. Sem contar os aplicativos que já controlam as lâmpadas da casa, o fogão e podem ser usados até para abrir a porta de casa.
Evernote funcionando em uma geladeira.
Mas entre todas essas novidades, a que parece mais promissora tanto para desenvolvedores como para o usuário final, são os aplicativos para carros. A tecnologia de bordo está se desenvolvendo rápido e se torna ainda maior com a chegada dos carros autônomos, que já estão sendo testados em vários lugares do mundo.
Estes computadores de bordo têm sistemas operacionais cada vez mais complexos, trazendo integrações com smartphones, interagindo com agenda de contatos e notificações do
celular.
Como já disse o TechCrunch, os carros são o próximo desafio para os desenvolvedores. Alguns já têm seus próprios aplicativos, como mapas, GPS, rádios online, serviços de música e tantos outros. Apesar de parecer limitado, o mercado de aplicativos para carros pode ser uma nova fronteira para a economia baseada em aplicativos, depende apenas da definição de padrões e leis que regularizem este mercado.
Nesta reportagem da Car and Driver, você consegue entender um pouco melhor o futuro da tecnologia para carros.
Painel dos carros do futuro, totalmente tecnológico.
Junto dos carros, mas ainda próximo dos smartphones, temos as tecnologias vestíveis, como o Google Glass e tantas outras tecnologias que estão surgindo, que também demandam aplicações diferenciadas, mas isto é um mercado que ainda está se descobrindo, vai ficar para um próximo post.

Por Dennis Altermann

Criei este blog para compartilhar alguns conteúdos relevantes sobre comunicação digital e o impacto dos meios digitais na sociedade. Aproveita para interagir comigo lá no Twitter @eu_Dennis